Farmacologia e Psicoterapia
Por Caroline Gouvêa S. Wallner
O auxilio medicamentoso pode fortalecer a aliança terapêutica e o vínculo em alguns casos. Quando o encaminhamento médico é colocado, a resistência ainda se faz presente. No entanto, o manejo analítico desta questão influencia na adesão ao uso medicamentoso.
Os estudos mais recentes vêm mostrando que os antidepressivos restauram a capacidade de determinadas áreas do cérebro a fim de contornar rotas neurais cujo funcionamento não está normal, mas essa mudança só trará benefícios se acompanhada de uma mudança do paciente – mudança esta obtida através da psicoterapia.
“Simplesmente tomar antidepressivos não é o bastante. Nós precisamos também mostrar ao cérebro quais são as conexões desejadas” .
A necessidade de terapia e tratamento medicamentoso também pode explicar porque os antidepressivos às vezes não têm efeito. Se o ambiente e a situação do paciente permanecerem inalterados, a droga não tem capacidade para induzir mudanças no cérebro, e o paciente não se sente melhor.
Quando antidepressivos e psicoterapia são combinados obtêm-se resultados consistentes e de longa duração.
No caso da Depressão, a Organização Mundial de Saúde é categórica ao afirmar que não se deve usar antidepressivos ou benzodiazepinicos em tratamentos iniciais, para indivíduos com queixas ou sintomas depressivos subliminares, na ausência de um transtorno ou de um episódio depressivo atual, ou na ausência de história prévia de episódios depressivos maiores bem caracterizados.
Os antidepressivos têm efeitos em casos de Depressão Maior e Distimia.
Em casos mais complexos, a terapia e ou outras intervenções psicossociais podem dar apoio e capacidade de expressão ao paciente, nos casos em que as queixas subliminares são excessivamente repetidas. As psicoterapias têm efeitos significativos. Fonte: OMS, junho 2012.
Portanto, não se deve usar medicamentos para casos de depressão leve e moderado em tratamentos iniciais. A recomendação é a psicoterapia ou outras intervenções psicossociais.
As intervenções psicológicas devem respeitar eticamente alguns protocolos:
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A eficácia da psicoterapia exige que o diagnóstico seja um passo essencial no processo. Uma avaliação e um diagnóstico cuidadosos ajudam a determinar se o paciente é adequado para a psicoterapia e, se for, qual o tipo de abordagem que lhe será de maior benefício. Para a psicanálise, o vínculo para o tratamento é o desejo.
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Para avaliação e fornecimento de informações, é interessante que sejam feitas entrevistas individuais com cada paciente antes do ingresso numa psicoterapia. Essa prática contribui para o aumento da taxa de adesão ao tratamento.
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Desse modo, devem-se considerar no paciente o diagnóstico nosológico, o grau de comprometimento e o tempo de evolução da doença, os sintomas psicopatológicos predominantes, a fase da doença, a capacidade de adaptação a situações de estresse, as circunstâncias de vida, a forma habitual de relacionar-se, as defesas predominantemente usadas, a eficácia ou não no controle e expressão dos impulsos e dos afetos, a capacidade de distinguir os sentimentos ou emoções como provenientes do seu mundo interno ou externo, a capacidade de expressão verbal, o estilo de comunicação e a existência de um tema ou área problemática que se destaque dentre outras.
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Além disso, deve-se avaliar a motivação do paciente para o tratamento. Caso não exista, considerar a possibilidade de criar estratégias de mobilização ou sensibilização. As habilidades ou preferências dos pacientes e as experiências anteriores positivas ou negativas devem ser consideradas.
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Pode também ser necessária a mobilização da família. Uma família mobilizada pode contribuir estimulando o paciente, facilitando o seu acesso ao tratamento ou reforçando a sua importância.
A partir desses elementos, pode-se ter uma idéia da condição do paciente, qual sua demanda e suas necessidades primordiais, e fazer uma avaliação da capacidade de tolerância ou suportabilidade do paciente ao setting terapêutico (seja ele em grupo ou individual).
Devemos lembrar sempre :
O diagnóstico, os sintomas não podem ter um caráter reducionista. O sujeito está inserido em seu contexto social, psíquico e cultural, o qual não o reduz a esses contextos, mas ao mesmo tempo não pode ser reconhecido como tal fora dessas características.
“O que cada um de nós procura, no meio dos acontecimentos em que está mergulhado, é construir sua vida individual, com sua diferença em relação a todos os outros e sua capacidade de dar sentido geral a cada acontecimento em particular. Esta procura não deveria ser a procura de uma identidade, já que somos cada vez mais compostos por fragmentos de identidades diferentes. Ela não pode ser senão a busca do direito de ser o autor, o sujeito de sua própria existência e de sua própria capacidade de resistir a tudo aquilo que dela nos priva – e torna nossa vida incoerente.” Touraine (2006, p. 124)
Texto escrito por: Caroline Gouvêa S. Wallner ( psicóloga clínica com um percurso de 11 anos em clínica via psicanálise e Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. ( Consultório de Psicoterapia em Sorocaba-Caroline Gouvêa #psicoterapia #medicacao #depressao #farmacologia