A criança e o despertar borboleta.
Por: Caroline Gouvêa
O Conto da Borboleta:
“ Um dia uma pequena abertura apareceu em um casulo. Um homem sentou-se e observou a borboleta por várias horas e pensou: como ela se esforça para fazer com que seu corpo minúsculo passe através daquele pequeno buraco!”
De repente, o homem percebeu que a borboleta parou de fazer qualquer movimento. Não havia progresso na sua luta. Parecia que já tinha lutado demais e não conseguia vencer o obstáculo.
Então, o homem resolveu ajudá-la. Pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta saiu facilmente, mas ele percebeu que seu corpo estava murcho e suas asas amassadas. O homem continuou a observar a borboleta porque esperava que a qualquer momento as asas se abrissem e, firmando-se, pudessem suportar o peso do corpo. Mas nada aconteceu!
Ao contrário, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com o corpo murcho e as asas encolhidas. Nunca foi capaz de voar porque o homem, na sua gentileza e vontade de ajudá-la, não compreendeu que era o aperto do casulo que fazia com que a borboleta se esforçasse e assim se fortalecesse para passar por meio da pequenina abertura”.
Reflexão:
Às vezes, nós mães e pais , não permitimos que nossas crianças, nossos filhos cresçam através do esforço. Na melhor tentativa de cuidado, carinho e amor acabamos facilitando o caminho, oferecendo a eles a abertura e as condições necessárias para que consigam voar. Mas mesmo essa sendo a melhor intenção possível podemos com isso forçar algo que nossos filhos ainda não estão preparados para enfrentar. Tudo tem o seu tempo e cada criança tem o seu tempo de desenvolvimento. Cada criança tem o seu potencial, e acredite, elas conseguirão.
A criança não possui tantos recursos para lidar com as dificuldades e os desafios como nós adultos. Os adultos usam a linguagem para expressar, e nem sempre a fala dá conta disso, e o recurso que a criança recorrerá para dar conta do real é através das brincadeiras, do desenho, do lúdico, da fantasia. O adulto quando não dá conta de falar desse real também o transfere para o imaginário, para o corpo, sendo que a brincadeira, o lúdico não faz mais parte deste mundo real do adulto e o recurso que utilizará para expressar pode ser através da escrita, da música, da arte, da criação.
Aquilo que a criança não consegue dar conta ela representará através das bincadeiras. Essa experiência não é simplesmente reproduzida, e sim recriada.
Repare bem nas brincadeiras dos seus filhos. Através da brincadeira a criança assimilará e recriará a experiência sócio-cultural dos adultos.
“É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto fruem sua liberdade de criação.” D.W. Winnicott
Olhar e perceber o desenvolvimento de um filho(a) também remete àquela criança interna dentro de nós, adultos. Às vezes aquilo que você percebe como dificuldade no seu filho, pode representar mais uma dificuldade interna do adulto em lidar com determinada situação do que para aquela criança. Criança não é boba! Ela sente, percebe, só não consegue representar em palavras tudo o que está acontecendo com ela.
Forçar um desenvolvimento ou negligenciá-lo pode levar a borboleta a passar o resto de sua vida rastejando com o corpo murcho e as asas encolhidas. Talvez não será capaz de voar porque o homem, na sua gentileza e vontade de ajudá-la, não compreendeu que era o aperto do casulo que fazia com que a borboleta se esforçasse e assim se fortalecesse para passar por meio da pequenina abertura.
Cada criança tem o seu potencial e um momento para despertar!
______________________________________________________________________
Caroline Gouvêa S. Wallner- Psicóloga Clínica desde 2006, pelo CES/JF, CRP04/25492. Estuda, vive e pratica a psicanálise há 16 anos, Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Estácio de Sá. Pesquisadora em casos de Depressão e Ansiedade. Atende Adolescentes e Adultos. carolinegouveapsi@gmail.com
______________________________________________________________________
Créditos da Imagem: Google