O que é psicose?

A psicose é um estado mental patológico, no qual o indivíduo perde o contato com a realidade, e pode causar alucinações, alterações de personalidade, desordem de pensamento, comportamento incomum, dificuldades de interação social e manter atividades cotidianas. O termo psicose é derivado do grego “psique”, que significa mente, e “ose”, que significa condição anormal. Portanto, é uma condição anormal da mente.

Ela não pode ser relacionada a nenhuma experiência humana, como outras doenças emocionais, pois esse transtorno não encontra base em nenhuma vivência pessoal, nem mesmo a sonhos irreais.

Segundo Jaspers, filósofo e psiquiatra alemão, o transtorno é psicologicamente incompreensível, pois a pessoa que o sofre apresenta características antissociais e incomuns, assim como alucinações, delírios e alterações na consciência do “eu” – e apesar de ser um transtorno mental, não apresenta nenhuma alteração na esfera cognitiva do indivíduo. A memória e o nível de consciência não serão prejudicados e, caso sejam, será devido ao uso de substâncias psicoativas ou a outras alterações clínicas, como o delirium, um transtorno que causa distúrbios temporários na consciência, reduz a habilidade de atenção, aumenta o sono e produz um alto nível de agitação e irritabilidade.

Na psicanálise, a psicose se dá por um funcionamento psíquico que obedece um princípio de rejeição primordial. Essa rejeição se baseia na perda das idéias e pensamentos próprios, e os pensamentos passam a se caracterizar como estranhos ou não ocorridos. Já para o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, o DSM, a psicose é considerada um sintoma de perturbação mental, mas não é reconhecida como uma doença em si.

A doença ocorre com mais frequência entre o fim da adolescência e o início da vida adulta, entre os 14 e 28 anos. Qualquer pessoa pode sofrer dela e, quando ocorre sem precedentes, é chamado de episódio ou surto psicótico. Porém, o indivíduo também pode carregar a doença pelo resto da vida e, nesse caso, ela é chamada de psicose crônica. Estima-se que de cada cem pessoas da população, três poderão ter um episódio durante a vida.

Existem diferentes intensidades de psicose e cada uma delas define o nível de perda de contato do indivíduo com a realidade.  A psicose tem início quando o indivíduo passa a se relacionar com objetos irreais, modifica suas ideias, atitudes e visões do mundo. A partir de então, a realidade perde o sentido para o paciente e ele pode suspeitar de situações absurdas ou de pessoas que não existem. Outra característica da psicose é a mania de perseguição.

Tipos de psicose

Existem inúmeros tipos de psicose e elas podem ser categorizadas em três grupos principais:

  • – Psicoses causadas por uma condição mental ou psicológica;

  • – Psicoses causadas por uma norma sanitária médica geral;

  • – Psicoses causadas por abuso de drogas e álcool.

Alguns tipos de psicoses, mais conhecidas, são:

Induzidas por drogas

Alguns usuários de drogas podem ter comportamentos psicóticos agravados pelas drogas, que piora o estado mental do indivíduo.

Psicose orgânica

É causada por lesões cerebrais ou enfermidades físicas que alteram o funcionamento do cérebro. Algumas causas que podem levar a este tipo de psicose são: AIDS, encefalite e reação química a remédios em pessoas em procedimento pós-cirúrgico.

Psicose reativa breve

É a que os sintomas aparecem subitamente, e é causada por um evento estressante para uma pessoa muito sensível. Neste caso, a pessoa se recupera em poucos dias.

Esquizofrenia

O tipo mais conhecido, é  o que causa algumas mudanças psicóticas por pelo menos 6 meses e possui diferentes tipos, como paranóide, hebefrênica, catatônica e simples.

Transtorno bipolar

Antigamente chamado de psicose maníaco-depressiva, o transtorno bipolar causa alterações extremas de humor, ora eufórico e ora depressivo. Em sua fase eufórica, o indivíduo pode se sentir como um deus onipotente e faz coisas fora da realidade, já em sua fase depressiva, pode escutar vozes que lhe dizem para se matar.

Transtorno esquizoafetivo

O indivíduo também sofre alterações extremas como no bipolar e na esquizofrenia, porém ele não se encaixa em nenhum dos dois diagnósticos.

Causas da psicose

Ainda não há causas específicas para a psicose, porém acredita-se que fatores sociais como o estresse da vida em grandes cidades, o abuso de drogas e o isolamento social possam estar relacionados à doença. A interação entre alguns desses fatores, associados com fatores biológicos ou psicológicos pode produzir um efeito dominó, causando a psicose.

As causas da psicose também podem ser classificadas em três tipos:

Causada por condições mentais

  • – Experiências traumáticas, como alto nível de estresse, ansiedade e abuso sexual;

  • – Depressão grave;

  • – Esquizofrenia;

  • – Diferenças físicas no cérebro, que pessoas com transtorno bipolar aparentam ter;

  • – Privação do sono;

  • – Estresse psicológico severo;

  • – Desequilíbrio entre os neurotransmissores;

  • – Desequilíbrio hormonal.

Causada por condições médicas

  • – Alzheimer ou outras demências;

  • – Cisto no cérebro ou tumores cerebrais;

  • – Acidentes vascular cerebrais;

  • – AIDS;

  • – Síflis;

  • – Infecções e cânceres no sistema nervoso central;

  • – Lúpus;

  • – Insuficiência renal ou hepática;

  • – Indivíduos expostos a agressões precoces na gestação e no parto podem ter um neurodesenvolvimento anormal;

  • – Epilepsia;

  • – Histórico familiar de parentes que já tiveram psicose estão mais suscetíveis a doença.

Causada por substâncias

Abuso de drogas como:

  • – Cocaína;

  • – Amfetamína;

  • – Metanfetamína;

  • – MDMA (ecstasy);

  • – Mephedrone (MCAT);

  • – Maconha;

  • – LSD;

  • – Cogumelos alucinógenos;

  • – Ketamina;

  • – Abstinência e abuso de álcool.

Sintomas da psicose

Os sinais e sintomas da psicose são muito diversos, mas podem ser compreendidos a partir de mudanças nas características pessoais e no comportamento do indivíduo. Eles, em um primeiro episódio, começam pouco perceptíveis. O indivíduo pode descrever pequenas mudanças, como dizer que não consegue sentir como antes, que tem alguns pensamentos perturbadores, que sente insônia e que algumas vezes se sente saindo da realidade.

Alguns sintomas conhecidos são:

Pensamentos confusos

O modo que o indivíduo se expressa costuma ser alterado, sem conexão entre as ideias. Nesses casos, algumas vezes, as frases emitidas podem não fazer sentido, podem haver dificuldades para se concentrar, ter problemas de memória recente e a fala pode ficar muito rápida ou muito lenta.

Delírios

O indivíduo pode desenvolver ideias ou crenças não baseadas na realidade. A intensidade desse sintoma progride com o curso da doença, no início podem haver dúvidas sobre estas ideias falsas, porém, com o tempo, o indivíduo se convence completamente. A mania de perseguição se encaixa neste tipo de sintoma.

Alucinações

O indivíduo tem percepções falsas da realidade, como ouvir vozes, ver coisas que não existem, sentir cheiros esquisitos e também podem ter sensações táteis desagradáveis.

Alterações sentimentais

O indivíduo sofre alterações em seus sentimentos sem nenhum motivo aparente. São comuns, nesse caso, as oscilações de humor.

Alteração no comportamento

Essas alterações são muito comuns. Inicialmente, costumam se manifestar na queda do rendimento no trabalho ou na escola, a higiene também pode ser afetada, alguns pacientes podem passar a não tomar banho e escovar os dentes. Perda de apetite e alterações no sono também são muito comuns.

Agitação e agressão

A agitação pode ocorrer no paciente através de sintomas como alucinações e pensamentos confusos. Já as agressões podem ocorrer através de sintomas como os delírios.

TRATAMENTO:

 O sujeito da psicanálise constitui-se a partir da inserção do objeto da falta, ao contrário do sujeito cartesiano que se caracteriza como ancorado no ser.

Retomando a fórmula freudiana Wo Es war, soll Ich werden, Lacan situa o lugar do sujeito: lá onde isso estava, lá, como sujeito, devo [eu] advir. Ao incluir o objeto da falta como determinante do sujeito, o cogito só tem sentido na medida que se vincula à fala, à linguagem. O sujeito sobre o qual operamos no campo da psicanálise é o sujeito dividido, apreendido na estrutura da linguagem (LACAN, 1965-66/1998).

É nesta perspectiva que Lacan evidencia que quanto ao sujeito não se trata de um fenômeno e sim de algo que é estrutural, um sujeito marcado pela linguagem, articulado à cadeia dos significantes, sendo no ato da fala que ele pode surgir, o que fica claro quando ele se pergunta no Seminário 5: As formações do inconsciente (1957-58):

“O que é um sujeito? Será alguma coisa que se confunde, pura e simplesmente, com a realidade individual que está diante de seus olhos quando vocês dizem o sujeito? Ou será que, a partir do momento em que vocês o fazem falar, isso implica necessariamente uma outra coisa? (…) quando há um sujeito falante, não há como reduzir a um outro, simplesmente, a questão de suas relações como alguém que fala, mas há sempre um terceiro, o grande Outro, que é constitutivo da posição do sujeito enquanto alguém que fala.” (LACAN, 1957-58/1999, p.186)

É a partir da fala e do modo como esta é endereçada ao outro que podemos escutar e identificar o sujeito e, na medida que o sujeito é falante, sua relação com o outro não se fecha numa relação dual, já que inclui um terceiro, o grande Outro que constitui a posição do sujeito enquanto falante. É a relação do sujeito com o Outro que nos oferece o caminho para investigar o que é específico do sujeito na psicose.

 

Referências:

http://suasaudemental.com/psicose/

Clique para acessar o v80n2Sa02.pdf

https://en.wikipedia.org/wiki/Deliriumhttp://www.psiqweb.med.br/site/area=NO/LerNoticia&idNoticia=149

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_medicamentos_psiqui%C3%A1tricos_de_acordo_com_sua_indica%C3%A7%C3%A3o

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982008000200009