Em análise descobrimos que o que foi reprimido não foi tão esquecido assim, ele está atuando o tempo todo através da repetição nos seus sintomas.
Você ainda ” não sabe” conscientemente, mas o inconsciente sabe por isso ele atua.
Freud no seu artigo recordar, repetir e elaborar, 1914, nesta sequência apontava para uma compulsão à repetição inconsciente de algo já sabido, mas não elaborado.
Repetimos em ato a lembrança do reprimido. A com-pulsao à repetição impede o sujeito a re-editar novas edições de acontecimentos traumáticos.
Para Freud o paciente não necessariamente recorda algo, mas repete inconscientemente e expressa através da fala, ou seja, não é algo lembrado é repetido, assim como os afetos, sentimentos e comportamentos do início da vida.
O passado se atualiza no presente.
Freud 1914 diz: ” o paciente não recorda coisa alguma do que esqueceu ou reprimiu, mas expressa-o pela atuação ou atua-o. Ele o reproduz não como lembrança, mas como ação, repete-o, sem, naturalmente saber o que está repetindo.” p. 196
Na análise o paciente desloca para a figura do analista sentimentos, pensamentos e comportamentos originalmente experenciados em relação a pessoas significativas da sua infância.
Cada vez mais tem se evidenciado na clínica a importância dos primeiros tempos de vida da pessoa onde os principais pilares do seu mundo psíquico e afetivo são formados.
O ” recordar, repetir, elaborar, construir , transformar expressa uma riqueza na clínica psicanalitica. Ela permite que o passado, presente e futuro possam ter uma maior integração, ao abrir espaço para a restauração do que já foi vivido mas ficou danificado, e para a construção inesgotável dos elementos que formam um ser humano.
Caroline Gouvêa
CRP04/25492
Psicanálise, Saúde Mental e Atenção Psicossocial